- Patrulha Raposa –
Este ano, o Acampamento de Páscoa da Expedição 30 realizou-se entre os dias 16 e 20 de Abril, no Campo Escutista de Monte de Trigo, junto a Idanha-a-Nova. O imaginário, elaborado pela Patrulha Raposa, estava relacionado com a 2ª Guerra Mundial, mais concretamente com os pilotos suicidas japoneses, os chamados “kamikases”. Para nos tornarmos uns deles tínhamos de ultrapassar diversos desafios.
1º Dia (16 de Abril)...
No 1º Dia, concentrámo-nos na sede por volta das 8h30m, com as mochilas às costas e a expectativa de um grande acampamento! Com o material preparado, carregámos o autocarro que entretanto havia chegado e entrámos.
A longa viagem começou, e entre conversas, sestas e jogos, chegámos rapidamente a uma estação de serviço, onde parámos para ir à casa de banho, comer qualquer coisa ou simplesmente apanhar um pouco de ar. A viagem prosseguiu, e quando chegámos, era quase hora de almoçar. Comemos e escolhemos o espaço destinado a cada patrulha. Após o almoço, dirigimo-nos aos respectivos campos, montámos as tendas, trocámos a farda por um vestuário mais confortável e dedicámo-nos às construções, que nos ocuparam a tarde. A mesa da nossa patrulha ficou completa e usámo-la para confeccionar o jantar, esparguete à Bolonhesa.
Saboreámos a deliciosa refeição e lavámos a loiça rapidamente, uma vez que de seguida tínhamos um Jogo Nocturno, o jogo do Farol.
O “farol” encontrava-se numa localização difícil, e na noite escura, subir uma inclinada encosta cheia de pedras e picos, com a perspectiva de podermos cair a qualquer momento, ou ser vistos pelos chefes e regressar ao início deste árduo percurso, não é muito fácil. Mas, ao contrário de jogos do Farol feitos anteriormente, foi interessante e exigiu paciência da nossa parte, aliás, foi utilizado com Desafio da Paciência, um dos desafios a superar.
Após o jogo, fomos dormir. Todos, excepto os guias, que se reuniram para o primeiro Conselho de Guias deste Acampamento. Após esta reunião, dirigimo-nos para as tendas, e adormecemos.
2º Dia (17 de Abril)...
Acordámos de manhã para o Jogo de Vila, a realizar em Idanha-a-Nova. Segundo o imaginário, esta actividade tinha como objectivo fazer um reconhecimento da zona a atacar por nós, os pilotos kamikases.
Tomámos o pequeno-almoço, cereais de mel com leite, e lavámos a loiça. Era hora de iniciar a caminhada de 6 quilómetros até ao local do jogo, que começou junto à Câmara Municipal de Idanha-a-Nova.
Foram-nos explicadas as regras deste jogo, e distribuído o questionário com as perguntas do mesmo, juntamente com uma sopa de letras que, resolvida, nos indicava os postos a visitar, onde se encontravam peças de um puzzle. Quanto à habitual tralha, desta vez foi diferente. Os chefes decidiram que alguns de nós, um de cada patrulha, transformar-se-ia num verdadeiro japonês, ou pelo menos assim pareceu, pelas roupas que trazíamos vestidas, e que foram oferecidas pelos simpáticos habitantes deste local.
O jogo era longo, e à uma da tarde, hora estipulada para o fim do jogo, nenhuma patrulha tinha completado os postos na totalidade. Deste modo, a equipa de animação cedeu mais 20 minutos para a conclusão do jogo, o que, mesmo assim, não chegou para acabar tudo. Enquanto esperávamos a partida de volta ao campo, montámos o puzzle e eu (Bia) vesti-me de japonesa, e o Duarte tirou uma fotografia.
A viagem foi longa e cansativa, mas valeu a pena, sabendo que tínhamos o almoço, salada russa, já preparado pelos chefes, que o fizeram para nós no campo, e, por isso, foi com muito entusiasmo que avistámos o parque escutista e corremos para o almoço e para o descanso! E mal sabíamos o que nos esperava o dia seguinte...
Depois do almoço, celebrámos a Eucaristia, com o Pe. Sílvio, ao ar livre, e tivemos também um momento de reflexão.
Após a Missa foi-nos dado algum tempo para os banhos, de água fria, muito fria!
Ao jantar, comemos bifes com arroz e cogumelos, que ficou delicioso.
À noite fomos dormir, para efectuar o Raid do dia a seguir com a energia necessária, todos, menos os guias, que tivemos o habitual Conselho de Guias, e recebemos uma notícia que nos deixou contentes, muito contentes.... O raid, para a Patrulha Antílope não ia começar logo de manhã, mas logo de noite! Mais concretamente, pelas 4 horas da manhã!!!
Comunicámos aos sub-guias esta novidade, e, pelo menos no meu caso, esta foi muito bem recebida (o Duarte quase começou aos pulos de contente!). Eram 0h30min quando finalmente nos deitámos, mas não por muito tempo...
3º Dia (18 de Abril)... (quer dizer a parte do dia é discutível, tendo em conta que eram 4 da manhã...)
Acordámos. Ainda não tinham passado 3 horas desde que havíamos adormecido e o sono era visível nas nossas caras. Estávamos ainda meios adormecidos, pelo que a operação de arrumar as mochilas demorou um pouco mais do que seria esperado, mas no fim partimos, os 10, com um mapa na mão e rumo a Idanha-a-Velha.
Estávamos verdadeiramente entusiasmados, o Sol naquele dia havia sido mais preguiçoso que nós, e quando decidiu iluminar-nos caminhávamos já há mais de duas horas.
Com músicas, risos, conversas e fotografias pelo meio, em pouco tempo percorremos os sete quilómetros que nos levaram a um posto, situado numa rotunda. Neste, propuseram-nos que, enquanto kamikases que éramos, encontrássemos as 10 munições (bolas de ténis) espalhadas pelas redondezas. De seguida, pediram-nos para pensarmos em dez leis para os kamikases, e prosseguimos o nosso caminho, desta vez acompanhados pelo Fred, e com um ritmo que deixou para trás algumas conversas e risos, as paragens, as fotografias a cada cinco metros, mas que nos permitiu fazer o caminho que restava até Idanha-a-Velha num abrir e fechar de olhos. Convém não esquecer que catorze quilómetros já lá iam, e os ponteiros dos nossos relógios não passavam muito das 7h da manhã...
Entretanto, num outro local não muito longe dali, em campo, local este que havíamos deixado quando a lua ainda sorria para nós, outros exploradores despertavam. Talvez tenham ficado espantados pela ausência daqueles que tanta falta lhes fazem (e há sempre aqueles que desatam a chorar... vá lá... sabem de quem é que eu estou a falar... começa por M... não é difícil!), mas mesmo sem nós, conseguiram despachar-se (os milagres acontecem...) e partir para onde nós nos encontrávamos há cerca de duas horas, a pequena aldeia de Idanha-a-Nova. Alguns pelo seu pé quase todo o caminho, mas a maioria com uma preciosa ajudinha de quatro rodas...
Quando todos nos encontrávamos lá, o Raid ia começar. Distribuíram-nos não um, mas dois mapas com os postos que se tornaram o nosso destino, e um saco, que continha uma fita de tecido, um carrinho de linha branca
O percurso coincidia com um percurso pedestre, uma Grande Rota, e os tracinhos nas pedras, postes e paredes acompanharam-nos pelas nossas paragens: uma perto de Monsanto, uma no Santuário da Sra. Da Azenha, e as outras ao longo do nosso caminho, nos mais diversos pontos.
Durante o caminho, toda a patrulha se comportou bem e andou depressa, menos a Matilde, cujo comportamento atingiu o pico, até ultrapassar a paciência de qualquer um. Mas, retirando este tipo de pormenores, passámos por postos com as mais diversas tarefas, tais como identificar países do Mundo, realizar uma arma de arremesso, construir um cavalete para transportar um elemento, entre outros. Finalmente, após ultrapassar todos os desafios, chegou a derradeira viagem, até Penha Garcia. Descalços pelo alcatrão, eu e o Duarte, cujos pés dentro das botas ameaçavam desfazer-se num monte de pedaços a qualquer momento, olhámos esperançosos quando avistámos à nossa frente a imagem dos Bombeiros desta localidade, chegámos e sentámo-nos. Nesta altura, todos nos encontrávamos juntos, ou quase todos, com excepção da Patrulha Falcão, cujo paradeiro era desconhecido.
Neste tempo que tivemos de descanso, à entrada dos Bombeiros, aproveitámos para coser os últimos botões na fita branca. Chovia. Não muito, o suficiente para nos encontrarmos algo molhados, e para nos amontoarmos junto à entrada dos Bombeiros, onde não entrava a chuva.
Para nossa enorme alegria, estacionou perto de nós um autocarro, da Câmara Municipal de Idanha-a-Nova, que tinha um condutor com uma linguagem algo inapropriada ao telefone... Mas que foi muito prestável ao andar às voltas para ver se avistava a Patrulha Falcão, para que estes subissem para o autocarro, mas tal busca mostrou-se infrutífera.
Cansados, muito cansados, chegámos a campo. Jantámos esparguete à Carbonara, e preparámo-nos para um grande jogo, “O Grande Quiz”. Foi o desafio Intelectual. Ao entrarmos, distribuíram-nos umas fitas que nos tornaram uns kamikases ainda mais verdadeiros, mais um bocadinho e já ninguém desconfiava (alguns pareciam o Naruto mas enfim...)
As regras eram claras e o Alex rapidamente as conseguiu explicar: Perguntas de resposta múltipla com quatro opções, e apenas tínhamos de levantar um papel com a letra escolhida (A, B, C ou D); as chamadas “Perguntas de Algibeira” cuja resposta era um número, e devia ser escrita uma aproximação, sendo que a patrulha mais próxima ganhava, e havia um bónus no caso de se acertar em cheio, e um jogo em que a patrulha devia cantar uma música com determinadas palavras, escolhidas pelos chefes (como “selvagem”, “lua”, etc.)
Entre as perguntas e jogos representámos uma peça, que havíamos preparado. Foram todas muito divertidas, desde a da Patrulha Cavalo, que era uma espécie de versão moderna da Mulan, mas que se chamava Kiumi; a da Patrulha Falcão, um soldado algo surdo, que por isso se enganava ao obedecer às ordens; a da Patrulha Lince, que era sobre um soldado que espirrava sempre que ouvia uma mentira; a da Patrulha Morcego, sobre os estranhos hábitos de Yokagonomato; e, finalmente, a da Patrulha Raposa, sobre um soldado muito aborrecido, que colocava muitas perguntas estúpidas, e recebia respostas igualmente estúpidas do seu Sargento, que não tinha muita paciência para as perguntas dele.
Mais tarde, fomo-nos deitar, excepto Guias que tiveram o habitual Conselho de Guias, o penúltimo deste acampamento!
Quando este acabou, fomos dormir também.
4º Dia (19 de Abril)…
Acordámos de manhã à hora da alvorada. Tomámos o pequeno-almoço e vestimos os fatos de banho, menos a Matilde, que começou a chorar, pois não gostava de canoagem e recusou-se a vestir o seu fato de banho. Era um dia muito esperado, que incluía canoagem, o que nos deixou muito entusiasmados!
Dirigimo-nos para a Barragem Marechal Carmona, a cerca de 2 quilómetros dali.
De manhã, começámos por superar o desafio da coragem, que, para ser sincera, não exigiu muita coragem. Consistia em dar um mergulho na barragem, e, com a água pelo pescoço, retirar a parte de baixo do fato de banho (para os rapazes, os calções de banho) e mostrá-la, voltar a colocá-la e sair da água, que por sinal nem estava fria. Em seguida, com as nossas fitas de kamikases na cabeça, bebemos uma mistura a simular a bebida tradicional japonesa, feita com aguardente de arroz (o “sachet”, não sei como se escreve mas há-de ser uma coisa do género…), gritámos “banzai!”, ou “viva!”, traduzindo, e, dois a dois, entrámos nas canoas ou kayakes, e demos uma volta à mesma, regressando depois ao local da partida. Após estas viagens, começou a missão, com destino à ilha de Pearl Harbour, situada no Pacífico, ou, neste caso, no centro da barragem.
Lá, cada patrulha devia encontrar oito munições, que, mais uma vez, correspondiam a bolas de ténis, marcadas com as iniciais das patrulhas. Não foi uma tarefa fácil, e por mais que tivéssemos tentado, a nossa patrulha só encontrou 7 das nossas bolas, e passado algum tempo regressámos a “terra”.
Era hora do almoço: “ração de combate”, que consistiu numa ou mais sandes de atum, uma de paio ee uma de queijo, um sumo, um iogurte, uma peça de fruta e um pequeno chocolate.
Após esta refeição, e com as munições à nossa disposição, partimos de novo, mas com o objectivo de derrubar de um porta-aviões (canoa) os seus aviões (de papel, mas isso são pormenores…). Após uma grande confusão, canoas viradas, cheias de água, grandes molhas, etc. Conseguimos apanhar todas as bolas de ténis e aviões e regressar com as canoas, puxando-as para terra.
Reunimo-nos em patrulhas, pois o jogo seguinte consistia na interpretação de uma mensagem em homógrafo, que o Alex transmitiu. Obviamente, tínhamos uma cábula por onde nos guiar, e a frase foi transmitida pausadamente. Como tal, foi fácil compreender a informação recebida.
Por volta das 18 horas, arrumámos o material e as canoas e partimos para campo.
Chegámos e preparámos o Fogo de Conselho. O jantar foi frango “à Brás”, ou melhor, devia ter sido Bacalhau à Brás mas enfim, assim também soube bem...
Após saciarmos a nossa vontade de comer, reunimo-nos na casa que servia de apoio, onde já se havia realizado o Quiz, e sentámo-nos. Começou o Fogo de Conselho, com a presença de todos, excepto a Falcão, que ainda não tinha chegado do Raid! Faltava pouco para o grande dia (o meu aniversário!) … A animação desta actividade, da autoria do Zeca e do Duarte, foi verdadeiramente divertida, e as peças preparadas, no geral, também. Passou da meia-noite sem ninguém reparar, era dia 20 de Abril e eu fazia anos! No entanto, algum tempo depois, alguém exclamou: “É meia-noite e um quarto!”, e foi então que explodiram os “Parabéns!” vindos de toda a gente. Para minha surpresa, tive um agradável presente, logo ali bem no início do meu dia, um bolo! Repartimos e comemos com grande vontade.
À noite, todos se foram deitar, excepto os Guias, e, desta vez, também os sub-guias! Após o Conselho de Guias, o último deste acampamento, queríamos passar algum tempo juntos, mas era tarde e como tal os chefes ordenaram que nos deitássemos todos nas respectivas tendas. Assim, dormimos.
5º Dia (20 de Abril)…
À hora de acordar, levantámo-nos e começámos a arrumar as coisas. Vestimos farda, e a restante roupa foi toda guardada dentro das mochilas, para não voltar a sair de lá, como que a anunciar a despedida do campo.
Tomámos o pequeno-almoço, e houve inspecção de campo, pelo que ajeitámos as construções e deitámos fora algum lixo que lá se encontrava. Lavámos também toda a loiça e a própria caixa! De seguida, limpámos e arrumámos o campo, desmontámos construções, e levámos (quase) todo o material.
Para nossa irritação, começou a chover um bocadinho, e, para irritar, o bocadinho tornou-se num bocadão, que se tornou numa chuva a potes, que ainda se transformou em trovões e relâmpagos quase assustadores. A correr, já um pouco molhados, conseguimos transportar tudo e entrar nos autocarros.
A viagem decorreu calmamente, e foi divertida, como sempre. Desta vez, até incluiu uns jogos do Lobo!
Quando chegámos, tive outra surpresa, e, adivinhem, outro bolo! Outra canção dos “Parabéns”, e outras velas sopradas. A este ritmo ficamos todos gordos… A minha mãe e a minha avó repartiram-no por todos.
Levámos o material para a sala e arrumámo-lo nos sítios. Depois disso, dirigimo-nos às nossas casa, decerto para tomar um bom banho, mas com a cabeça a imaginar já a próxima aventura!
Por: Beatriz Lopes